Voltando à mesa, os pais não desconversaram, mas não fizeram questão de deixar claro sobre o que tinha conversado. Quase em coro os dois disseram: “Nada com o que deva se preocupar, por enquanto.” Isa estava acima de qualquer uma dessas pseudo-preocupações no momento, só queria seus pais como sempre foi, e nada mais. Conversaram sobre escola, trabalho, garotos, cinema, música e sexo; como todos pais deveriam (ou não) fazer. Alternando momentos sérios e sorrisos, momentos tensos e descontraídos, foi uma noite que não seria esquecida tão facilmente. Pouco menos de 3 horas, e já estavam de volta. Isa, cansada como de costume, deu um beijo de boa noite nos pais, e subiu ao quarto, colocou o pijama, pegou seu iPod e o colocou em cima da mesinha que ficava ao lado de sua cama, escovou os dentes e pegou o celular na bolsa, ficou surpresa: uma mensagem de Pê. Mesmo sem ter aberto o sms, já chorava compulsivamente, havia um tempo que não se falavam e não esperava mesmo que ele mandasse um sms lá do Canadá; e nunca se cansa de se surpreender com Pê. Criou coragem, clicou e abriu a mensagem. Curta e direta: “Temos o que conversar, te ligo amanhã.”. Não sabia o que pensar. Tentou conter as lágrimas, que diferentemente de 5 min atrás, não eram de felicidade. Mas não era possível conter-se a felicidade e muito menos a dor que sentia, que se juntava a insegurança e antes disso tudo: o medo. Chorou até o momento em que, por pena talvez, seu corpo se desligou, dormiu. Isa não aguentava mais chorar, mas de certa forma não queria que isso parasse. Consome-se, mas dá forças; de tudo um pouco tira, mas em troca dá amor e memórias que fazem sorrir, sonhos que se realizaram, um futuro lindo, mas nada é certo, e faz sofrer. Se lembrava, mesmo nos sonhos, de que tudo parecia ser muito mais pessoal do que realmente era. Não tinha mais noção se seu caminho era traçado em duas vias que, juntas seguem para o mesmo destino, ou se ao longo do caminho se separaram estradas que em determinada situação se quebra em abismo. Separa-se a vida, perde-se a razão de se amar. Algo não se encaixa. De nada sabia, e as lágrimas questionavam o que não se deve questionar. Procurava-se razão para o que não sabia; mas não sabia que de Pê nada dependia, não se faz nada contra a força do que tem nas mãos as rédias do universo. Se as linhas se escrevem por linhas mais do que retas, fica fácil de se entender e difícil de se aceitar. Tudo isso se passa pela cabeça de Isa, mesmo sem perceber ou saber a razão. Seus sonhos ansiavam pelo amanhã, o amanhã se sentia atraído pelo desejo de que sua face brilhasse na vida dos dois apaixonados.
Não como normalmente, nem Isa aqui no Brasil, ou Pê no Canadá tinham motivação para sorrir sem saber porquê. Pê, assim que chegou em casa, sentou-se na cama, pegou seu celular, digitou no telefone o número de Isa, mas exitou. Parou por 5 minutos, tentando redigir um texto em sua mente e facilitasse a sua vida, pelo menos enquanto ainda a tivesse.
Não como normalmente, nem Isa aqui no Brasil, ou Pê no Canadá tinham motivação para sorrir sem saber porquê. Pê, assim que chegou em casa, sentou-se na cama, pegou seu celular, digitou no telefone o número de Isa, mas exitou. Parou por 5 minutos, tentando redigir um texto em sua mente e facilitasse a sua vida, pelo menos enquanto ainda a tivesse.