2010

Tive que aprender o que nunca quis aprender, tive que aceitar que meu mundo havia sido jogado no chão e pisado por pessoas que eu amo. Aprendi que estereótipos foram feitos para que fossem quebrados, aprendi que paradigmas de nada servem se algum dia eles se defrontam com algo que se chama amor; amor, sempre o amor, em nenhum momento de toda situação da minha vida desisti de deixá-lo agir sobre minhas decisões.
A princípio não quis aceitar que minha vida seria mudada e que eu cresceria com cada mudança a que eu fosse naturalmente submetido. Dei de frente com tudo que não era de acordo com o que sempre pensei. Descobri que a verdade nunca é absoluta (por mais claro que isso seja) e que muitas vezes se é desprezado por sua verdade ser diferente da verdade alheia, te fazem de inferior só por acreditar que há um Deus criador e onipotente, mas nem por isso deixei de defender que o único amor que liberta é o de Jesus, amor verdadeiramente incondicional.
Aprendi mais uma vez que o amor não se cria. Por “acaso” ele acontece e acaba por tirar de suas mãos o controle de sua própria vida. As pessoas que nos fazem nos apaixonar são as que menos impressionam por serem extravagantes, simplesmente encantam com a simplicidade de serem perfeitas e serem parecidas com aquela personagem utópica de um filme ou um livro de romance, como se só ela pudesse completar seu coração e te fazer completamente feliz e se não for com ela nunca será completo. O desejo incita o amor, o desejo cria aquelas borboletas que são sentidas na barriga e o simples fato de a pessoa passar ao seu lado significa tremedeira e mãos suando. Aprendi que de repente o que você mais evita é o que mais quer.
Acabei por descobrir que o tipo de garota que eu amo... não é um tipo de garota. Não há garotas que foram feitas para serem namoradas, aquelas que te farão menos triste quando por acaso você estiver sozinho por mais de uma semana ou ainda aquelas que você verá um dia na vida e nem vai saber o nome na semana seguinte. Quando se ama se esquece o que foi feito (e o que contigo foi feito), quando se ama se esquece que algum dia não se deu valor próprio, quando se ama o tudo ganha novo sentido simplesmente por haver uma inserção automática em um novo contexto de vida e “eu” passa a ser “nós”.
Amizades não se acabam e somem, mas simplesmente se transformam. Mais uma vez descobri que melhores amigos não existem. A amizade é conveniente por natureza, natureza que soa insensível e impetuosa com aqueles que se entregam plenamente a alguém que é rotulado melhor amigo.  Ajuda-se sem querer qualquer coisa em troca e isso é suficiente para se concretizar ali um amigo e um irmão.
Criei amizades do nada, muitas vezes não lembrei como tudo começara. Confundi pessoas “legais” com animais, confundi animais com pessoas legais, julguei um popular como legal e em duas semanas mudei de opinião. Julguei pela aparência, me arrependi, aprendi, não errei mais, me livrei de estereótipos e fui à luta, passei por barreiras, criei amizades, odiei e amei, amei e depois odiei, nunca houve tanta inversão de papeis em minha vida; foi sem dúvida o ano mais intenso.
Alguns amigos meus eu nunca mais verei, outros tenho certeza que sempre vou re-encontrar.
Uma parte de mim realmente ficou no CRE, sinto falta de cada conversa de 2h com meus amigos-professores, descobri em professores novas qualidades que nunca esperei que um dia descobrisse, aprendi que ficar com notas vermelhas no último bimestre e passar no conselho de classe (ou não passar...) não é uma experiência necessária para ser vivida. Construí heróis, convivi com inimigos, aprendi a odiar garotos que nunca conversei na vida, aprendi a amar pessoas que jamais amaria. Aprendi que defender não significa ser estúpido. O amor me transforma naturalmente sem que eu queira, agora sei que devo dizer o que sinto e fazer minha mulher se sentir a mais lindo do mundo sempre, pois não sei se em algum dia não terei a chance de dizer o quanto a amei e o quanto quis que ela vivesse o futuro dela comigo sendo assim nosso futuro um só.
Aprendi muito, mas pouco ficou guardado em mim. Pouco mudou a minha vida. O pouco que mudou a minha vida com certeza será um dos traços do meu caráter eternamente. Conheci muitas pessoas, encontrei uma garota de 1,5m que me faz sentir o homem mais feliz do mundo e em cinco meses já vivi com ela o que nunca vivi em quinze anos de vida com ninguém e agora já quero viver minha história com ela (eu te amo, Jade), fiz um par de amigos que vou levar comigo pra sempre (TRIPÉ! Sauzão e Yaguinho), não deixei de lado nenhum dos irmãos que fiz no CRE (Mat, Tavinho, Larissinha, Japa), ganhei um anjo na minha vida e antes de tudo um exemplo que com certeza vou fazer o máximo para seguir (Nego - Dennis), descobri que por trás de um rosto sereno e frio há um cara doido e sentimental que além de ser Tricolor é um amigo especial e filósofo (Nóis, Petra), em uma garota dos cabelos loiros encaracolados com uma mente meio nerd e um estilo meio alternativo eu aprendi que quando se tem alguém que pode confiar nada pode ser barreira tão grande para que nasça uma amizade eterna (Ab linda).
Mudei por amor, não em favor do amor. Mudei porque agora eu amo alguém mais do que a vida e porque quero ser melhor o possível para que ela se sinta feliz e antes de tudo amada ao meu lado. Aprendi tanto com você, Jade... Obrigado por tudo. Obrigado por me amar e me agüentar em toda minha impaciência momentânea e chiliques incontroláveis. Obrigado por me aceitar sendo meio nerd. Obrigado por me fazer ser uma pessoa melhor simplesmente por estar ao meu (VOCÊ ACABOU DE LER MIL PALAVRAS, YEAH) lado. Quero sentir seu cheiro enquanto te abraço e que isso signifique sempre e eternamente a paz que eu preciso para ser feliz. Quero que você sempre esteja em minha mente assim que meus olhos adormecidos se abram. Quero que você seja o meu último pensamento antes de esses mesmos olhos se fecharem pela última vez na vida. Viver minha vida com você passou de vontade à necessidade. Eu preciso de você, dependo do seu amor para viver; e diferentemente de todo o resto da minha vida eu não sinto medo disso, quero cada vez mais me entregar a você, e, em você confio plenamente (entre nós).  Quero dançar a nossa valsa – natal, natal, natal ­- no meio do seu quarto e te assustar a noite fazendo seus tubes caírem no chão e rir de você quando procurar em mim segurança depois de quase morrer de susto. Vou cantar em dueto com você “Matheusinho querido, vem ficar comigo” sempre e vou dizer que sua voz é tão linda como o canto dos pássaros (aham, ok, obrigado). Quero que você se proteja em meu peito enquanto dorme, quero acordar e te observar pela manhã dizendo em meus pensamentos “Tenho comigo a mulher mais linda do mundo” e externar esse pensamento sorrindo para ninguém... E se me faltam palavras para dizer o quanto te amo é maior prova de que não há lugar no universo que contenha o nosso amor. Te amo, magrela.
Perdi minha avó... Por pouco imaginei que a perderia em um tempo tão próximo do agora. Foi guerreira lutando (junto de meu avô que não conheci, infelizmente) para que seus onze filhos tivessem o que comer e antes de tudo os deu educação. Aguentou o que não lhe era necessário, viveu o que não lhe era pedido para viver, tomou as dores de quem não merecia, sofreu e adoeceu por erros que não foram seus. Foi no dia 2 de Julho de 2010 pouco depois do jogo do Brasil contra a seleção da Holanda que a maior heroína da minha vida cansou da vida e descansou nos braços de Deus. Despediu-se de alguns dos netos, de poucos dos filhos e de alguns bisnetos enquanto segurava um boneco de pelúcia em uma das mãos, e, o terço na outra (como sempre fez em jogos do Tricolor do Morumbi e da seleção Brasileira) quando rodeada por quem amava teve uma parada cardíaca e se foi... Deixou-nos tristes e com saudade, mas antes de qualquer coisa orgulhosos por termos tido a avó mais linda que o mundo já viu, por não tê-la mais comigo e por não ter mais conselhos como os dela agora eu choro mais uma vez... Como eu sinto falta de você , não imaginei que me sentiria assim. Obrigado por tudo, te amo.
Chorei por arrependimento, chorei por alegria, chorei por emoção, chorei por raiva. Chorei. Choro. Chorarei sempre que alguma coisa tocar meu coração de maneira tão forte que não seja possível controlar meus sentimentos impedindo que eles se externem por meio de lágrimas. Tornei-me suscetível ao perdão, aos poucos aprendo que, ao contrário do que se pensa, ele só nos engrandece. E agradeço por cada um de vocês me ensinarem como ser uma pessoa melhor. Amo muito os que fazem parte da minha vida e consequentemente do que eu sou e um dia vou ainda me tornar. Tudo do que preciso é amor.