Desilusão.

Queria um amor daqueles em que a namorada corre atrás do namorado como se não houvesse amanhã quase morta de saudade após três dias como se ao menos 30 anos houvessem se passado. Queria um amor em que praticamente tudo fosse perdoável e que em cada segundo de sua existência esse fosse pleno e sem duvida alguma de entrega total.  
Queria um amor de verão que fosse intenso durante toda sua duração e que os anos fossem preenchidos por quatro estações fundidas em uma só, um eterno verão, queria que minha vida fosse um amor de verão. Queria depender do amor e respirar o amor, me apoiar no amor, só necessitar o amor. Nem tudo que eu gostaria de ter é ou será possível, o que vivo hoje não é nem perto o que eu sonho, minha própria utopia me engoliu e meus sonhos se despedaçaram como um delicado copo de cristal que cai do alto de uma estante. Sou desilusão. 
Não acredito mais em mim, não acredito mais na minha fé, acredito em Deus, mas quando mais preciso dele parece que não tenho força nem para estender minha mão e assim finalmente Ele, ou algum outro amigo, pudesse me ajudar e devolver aos meus pulmões o ar antes abundante que me mantinha vivo e saudável. Não acredito mais que minhas ideias e ideais possam ser úteis ou que meus esforços, quase imperceptíveis, sejam capazes de mudar alguma coisa em mim e no mundo. A única coisa em que consigo acreditar é que tudo realmente está perdido, inclusive eu. Eu estou perdido. 
Não sei aonde me perdi, acho que me escondi dentro do que sou. Como uma tartaruga me encolhi a cabeça e membros, guardei para mim meus medos e desejos, minhas vontades e fracassos, meus amores e desafetos, mas de forma antagônica a isso ainda vivo cada segundo tão intensamente que às vezes me esqueço que minha vida não se limita ao hoje, ainda tenho que pensar no meu futuro, como se meu presente não me bastasse de preocupações, arrependimentos e frustrações, minhas próprias atitudes intensas destroem mais um pouco do que queria ter comigo eternamente na vida plena que desejo viver. Sou um fracasso quase completo. 
Meu desempenho não é dos melhores em quase nada do que faço. Meus esforços nunca parecem suficientes e o mundo conspira contra mim, na verdade o mundo criado por mim conspira contra mim, nada mais justo afinal. Sou um depressivo sorridente que quase ignora seus pensamentos e mesmo assim ainda quase explode de pensar. Quase explode porque por mais que pense e pense e pense, nada nunca será colocado em prática, sou um herege queimando em uma fogueira que além de eu ter preparado, eu acendi e eu gritei alto para todos ouvirem “queimem-no vivo!”. Como que Homo homini lupus eu sou o que me destrói.  
Antes de tudo isso eu queria mesmo é amar. Queria saber amar de novo. Eu acabei me tornando a maior barreira para meus sonhos, mas não é culpa minha. Somos resultado de um sistema. Querendo ou não, cada partícula que constitui o que eu sou hoje não necessariamente foi uma escolha. Desde que nascemos nos chocamos com tudo e com todos, somos colocados contra a maré, mas no final acabamos todos remando a favor da mesma. Eu queria amar para ser diferente, não diferente igual a todos, mas ser diferentemente especial, especial por ser capaz de amar e amar na essência e na plenitude essencial na qual o homem foi pensado desde o início. Quero amor eterno, mas como já disse antes, clama-se por amores eternos enquanto vivem-se amores eternos, não quero errar nisso também.

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Às vezes o pedido mais desesperado de acolhimento é o ato do afastamento, como que se dissesse: "não vou ficar por aqui hoje para que pelo menos no resto dos nossos dias estejamos juntos".
Atitudes opostas ao desejo são a maior prova que se tem de entrega e devoção, afinal fazer algo que lhe machuca não poderia ser classificado de maneira mais nobre a não ser como amor.
Afastar de si o que mais se quer por perto dói tanto quanto não querer mais nada, mas se esconder do que é mais querido soa como um último brado ou suspiro, última tentativa. Nada é limitado no amor, porém limitações se fazem necessárias para que essa regra não seja descumprida.
Abrir mão, ceder, deixar de lado, preterir, elevar, relevar... Atitudes que até sozinhas dizem muito a respeito de alguém, apaixonado o homem nada lhe é tão grande que não possa ser contornado ou tão dolorido que não possa ser sarado, todo dia é uma nova batalha, toda noite bem dormida uma nova vitória e a cada te amo proferido um novo motivo para sorrir: a cada sorriso que se faz no rosto dela, outros muitos se farão em meu rosto e assim os dias se sucedem rumo à eternidade...
Caminhos simples e diretos jamais vão existir; estradas de terra, ladeiras e abismos, quartos escuros e travesseiros ensopados por dores e desejos transpassados em lágrimas... São coisas simples que compõe alguém que espera (de esperança) que algo novo aconteça e mude restaurando o que foi quebrado e renovando o que precisa se fazer novo, de novo... E de novo, e de novo, sempre que necessário assim deveria se suceder. Assim sempre que há amor, só o amor.
Aprende-se e se repreende, aceita-se e  se esquece,  sempre que for necessário e sempre será necessário, sempre. Se não for assim, não vale a pena, se não vale a pena, não é amor porque tudo que é feito em "nome" dele é digno de ser louvado. Nunca deixei de lutar pelo que amo, se eu te amo, vou te defender do meu jeito atrapalhado, mas o farei de qualquer forma e a qualquer custo enquanto esse peito esperançoso aguentar. Pra sempre.   Sem vaidade ou glamour, sem honra ou orgulho, com motivação e algo maior a defender: nós dois juntos.

Senhor do meu futuro.

Acordei hoje para mais um da como qualquer outro, na mesma hora de sempre, mas com a perspectiva de que meu dia seria diferente. Não seria só mais um reinício de aulas e daquela rotina maçante; como que naturalmente eu parecia ter me levantado para que começasse a ser escrito o meu futuro; não só ir ao colégio, mas levantar a cabeça para que a vida passasse a ocorrer de forma diferente.
Acho que decidi ou aceitei, meio que sem querer, que meus dias a partir de agora poderiam, cada um deles, mudar o destino da minha vida. Comecei naturalmente a construir minha vida. Não sei por quanto tempo esse pensamento vai durar ou por quanto tempo ele será realmente aplicado, mas enquanto isso acontecer vai ser puro e intenso, como se não houvesse (ou com a certeza de que haverá) amanhã eu vou cantar e dançar, pular e correr, abraçar e beijar, sorrir e chorar, e sei que é disso que meu futuro será constituído.
Não tendo certeza do que estou fazendo, sempre, espero que o arrependimento não me acompanhe, mas que o mesmo se faça presente se necessário, quero que o orgulho se faça uma virtude e não um peso a ser carregado, espero que meus dias corram suavemente e que a cada segundo da minha vida o amor se faça razão soberana em qual a minha vida se sustém, espero que minha vida não seja um conto de fadas (e sei que não será) e sim que minha realidade seja lembrada sempre como um caminho não só de vitórias mas de escolhas que puderam fazer da minha vida o que ela é e não que outros tenham feito da minha vida uma mentira sem dimensão.
Quero ter noção da realidade que um dia eu vou viver e que eu vou construir, sempre com amor.

Bomba.

Às vezes me sinto como um psicopata. Ou melhor, sociopata. Daqueles que convive conosco sem ao menos sabermos que eles nos cercam e fazem parte da nossa rotina. Às vezes me sinto camuflado, meio que involuntariamente, é como se minhas atitudes por mais explícitas que sejam não possam ser notadas, ou ainda como se eu não tivesse atitudes suficientes para que fossem notadas, ou que minhas atitudes sejam tão negáveis e repugnantes que as pessoas as ignorassem. Não sinto que a vida passa por mim, mas sinto como se eu passasse pela vida caminhando, anestesiado, pelas manchas de sangue que já deixei ao me machucar anteriormente... e tanto faz, doa o que doer, as coisas não mudarão.
E as coisas não mudarão.
A vida vai ser sempre assim. Eu vou ter sempre meus fracassos e meus erros que não vou conseguir lidar e superar, vou ter sempre a vida perfeita que eu sempre quis que é sustentada por arrependimentos e redenções e, por pouco, mudanças. E isso se sustém em mim, a base disso sou eu. Eu sou a lenha que alimenta a brasa que me corrói. Eu forneço as armas para o meu próprio assassinato. Eu me construo de forma auto-destrutiva. De minhas ideias me torno refém e de minhas palavras me faço cativo. Mais uma vez caminho anestesiado por um mar de fogo que me consome... consome sem dó ou piedade cada fibra do que eu fui um dia ou do que um dia eu seria. Continuo de cabeça erguida e como se meus erros estivessem abaixo do meu pescoço e eu não os pudesse ver eu os sustento na minha ignorância e mais uma vez sou auto-destrutivo. Como uma bomba tenho no meu triste desfecho a única razão da minha vida: auto-explosão sem que haja qualquer rastro para contar alguma história, sumir sem deixar nenhuma marca.
O medo não é de não deixar algo marcado... e sim o de não fazer algo que possa ser considerado como marco. Na verdade, não há medo algum. Simplesmente ignoro. Me esqueço. Me ignoro. Parece que eu destruo a minha vida. Acho que essa é a verdade. Sou senhor da minha vida. Não que isso seja errado. A forma com que o faço sim, isso é errado. Aqui e acolá algum erro, aqui e acolá uma ignorância.
Assim me faço o que eu sou. Assim me recolho a minha repugnância e falta de luz. Assim se faz a treva do que eu sou. Uma bomba que vive explodindo e nunca se recompõe. 

A vida é mais amores

 Uma das maiores incertezas que se tem é a certeza de ter ou não ter alguém para se amar. O sentimento de felicidade poderia ser igualado e resumido a felicidade que se encontra no momento em que se ama e é amado e a única certeza que se tem na vida é a de que não está sozinho e isso é razão suficiente. Suficiente, para mim, é o amor. Amor que me preenche, amor que me envolve, amor que me guia, amor que me sustém. Suficiente, antes de tudo, é o amor de amigo, antes mesmo que o amor legítimo e obrigatório da família, o amor de mãe e pai, o amor de “casal” e infeliz e finalmente o amor de família, que por sua vez se resume à convivência e ao conforto de estar, depois de muito tempo, entre conhecidos apenas. Os laços que se fazem entre pessoas, na maioria das vezes, são única e exclusivamente “não-amorosos”. Relacionamentos deveriam ser construídos simples e naturalmente por amor, e assim a vida seria feita de amor. Não se importa muito o tipo de amor, que seja de amigo, que seja de casal, que seja de família, que seja aquele criado pela convivência. A vida não é mais, como fora em sua essência, amores. A função da vida, não importa qual, é amar e ser amado. O amor deveria reger e não ser regido. Triste.
A certeza maior que tenho é a de que alguém me ama, a certeza maior que tenho é a de que eu não estou sozinho e é nisso que se faz o sentido da minha vida: o amor.
O ser humano nasce, assim que nasce se relaciona. Passa a vida se relacionando. A vida se faz através de cada uma das ligações que são feitas. Essas ligações passam a “compor” o que cada um é na sua individualidade. Sendo assim, cada um de nós é formado por um pedacinho de cada pessoa que tem qualquer tipo de conexão conosco. A vida se faz assim e esse é um dos únicos caminhos de que não se pode escapar. As pessoas que passam na nossa vida, por muitas vezes, são escolhas nossas e essas escolhas depois de um tempo serão responsáveis pela formação do nosso caráter, quem constrói seu caráter, individualmente, é você mesmo através de seus relacionamentos. Perde-se a essência do que se pensa ser não de uma vez só, mas através do tempo, o tempo que apaga seus traços únicos pelas conexões que se fizeram ao longo do tempo. Corrompe-se quem tem cabeça fraca, quem pensa no agora e não na vida inteira. A vida é muito mais que um momento. Pensa-se no momento e se esquece da situação de que a vida foi feita, depois de muito tempo os caminhos errados e escolhas malfeitas sairão do imperceptível para o mais do que notável, é nessa hora que os erros transpassam o coração e escorrem pelos olhos como lágrimas e é também nessa hora que seus pseudo-relacionamentos somem, quem errou com você não estará com você agora na hora que tudo deu errado. O seu sofrimento, seu prazer, a qualidade da sua vida e o seu futuro já foram escolhidos, não tem mais o que fazer, é tarde demais... Triste.
Rega a vida com amor, cuida da sua vida como se ela “fosse” realmente a sua vida, por mais que não se queira essa responsabilidade. Guarde seus amigos no coração, os leve em cada segundo da sua vida, tenha sua família como sua base. E antes de tudo, faça tudo isso com amor. Amor. É só disso que você precisa. O amor. Ame mais. Ame mais a vida. Ame mais seus pais. Ame. Ame mais quem caminha com você. Simplesmente ame, ame de todas as formas que lhe são possíveis. Faça a sua vida valer a pena. Tenha amor como prioridade. Ame.