Só mais uma

Às vezes perco o que sou pelos pensamentos, viajo aos lugares mais distantes ou vou até um teatro antigo e largado, mas no final acabo sempre em um vazio completo, o caos da minha mente.

Nunca chego à conclusão alguma e parece que minha alma e espírito, juntos, flutuam em um ensopado de desgosto e, banhados em minhas memórias, morrem junto do meu passado. Meus atos são vagos e me parece que há somente uma causa: sem passado não há futuro algum que sobreviva; aparentemente o único passado que me importa são as palavras que acabo de escrever. Sigo sem rumo específico, sem vontade, sem pretensão.

Talvez a melhor maneira de se viver seja realmente imaginar que nada mais do que construir memórias seja o presente e o futuro. Como se tudo que se faz “fosse” somente por um segundo e logo depois não passasse de uma ilustração de um longínquo e esquecido passado desgostoso. Como tudo deve ser.

Não que minha mente queixe-se disso ou então seja chaga. A realidade mostra-se cada vez mais séria e menos distante. O tic-tac do relógio é realmente irrefutável e de uma hora para outra já não estamos ou pertencemos aqui ou ali. Nunca estamos atrasados ou realmente perdidos, afinal quem nos persegue é o tempo... O contrário é só mais uma das ilusões que rezamos para sempre acreditar.


22/03/2013

A crônica dos cinco meses

Andei pensando, na verdade isso é grande parte do que fiz nos últimos cinco meses, e a conclusão a que cheguei é que a maior parte dos últimos três anos eu passei sendo alguém que não faz parte da minha essência. Meus momentos de descontrole superaram os de “normalidade” e eu perdi muito por causa disso. Não só perdi pessoas que se afastaram, que desistiram de mim, mas perdi parte do que eu sou, do que eu gosto e talvez perdi parte do que um dia eu quis ser.  Pretendo resgatar quase tudo.
Os motivos não importam, afinal o problema sempre foi meu e a necessidade de passar por eles sem que eu me tornasse outra pessoa era minha. Por outro lado, se ao menos eu tivesse me dado o tempo necessário de pensar, repensar e só depois agir... Tudo poderia ter sido diferente. A razão fez falta. Culpo meu sentimento imediatista mimado de filho único por muitas das minhas características reacionárias e nem um pouco justas, coerentes ou necessárias; mas também não me esqueço de tudo que passei, das mudanças que presenciei e das responsabilidades que tive de assumir. Eu fui uma bagunça. Mas acabei crescendo em alguma denotação ainda obscura. Tive bastante tempo de colocar tudo meio que em uma balança, mas ainda não encontrei o equilíbrio.
Sobretudo isso, eu ainda imagino a necessidade gritante de espaço que todos temos. Afinal, dia após dia todos enfrentamos situações que bagunçam com a mente, com a alma, com o coração, com o espírito e consequentemente com a nossa essência. Dia após dia não somos mais o que éramos antes. Dia após dia precisamos de algum espaço que nos traga de volta ao que realmente somos. E se ao menos nós nos déssemos a oportunidade de voltar a agir normalmente, de voltar a deixar a essência superar o momentâneo e  jamais esquecer que por trás daquela atitude descabida existe uma justificativa, - que insignificante para você ou não, afetou o ser confuso que adotou aquela postura indelicada, impensada, descabida, destrutiva, explosiva, degradante, imoral, cruel, rude, anormal -, e mais do que uma justificativa, ainda existe alguém ali que em algum momento se deixou revelar assumindo todos defeitos e incapacidades e que em nenhum momento negou um pedaço que fosse de sua alma, à você, à quem quisesse ver. 
Permitir-se ser menos “eu” e aceitar que apesar da necessidade da solidão, a felicidade está onde se tem compaixão, cuidado, amor e consequente completude. Ninguém é autossuficiente, elevando suas próprias qualidades e apontando defeitos em tudo e em todos. A impossibilidade de levar em frente o que eu acreditava como ideal esbarrava na necessidade de felicidade, mas nem disso eu sabia. Tive que entender meus erros, aceitar que tudo que eu achei que fosse realmente tinha passado e que a necessidade de me resgatar de mim mesmo era urgente. Afundara junto e fiquei sozinho.
Depois de um tempo é natural retomar a realidade, encontrar em si mesmo um motivo que dê vontade de ser feliz: simplesmente por ser o que eu sou. Até porque ser feliz com alguém depende primordialmente de estar feliz consigo mesmo. Fazer alguém feliz é parte de um processo que envolve sorrir e fazer sorrir, chorar e saber acalmar um choro, saber e entender o que agrada e aceitar ser agradado, respeitar antes de qualquer coisa e saber o momento de deixar.
De deixar um pouco de si mesmo para trás, ou ainda de resgatar o que de si se perdeu. O processo de resgates nunca acaba. Eu busco o equilíbrio incessantemente. O equilíbrio é alcançado quando uma ponta da vida encontra a outra e num sorriso todo o resto faz sentido e parte nenhuma de ninguém se perde, apesar dos momentos em que a tormenta arranca parte do que é necessário e irrevogável, encontra-se no fundo da essência de si mesmo os motivos pelos quais houve necessidade de outro alguém para te fazer sentir completo.
Hoje acho que encontrei meu caminho de volta. A vida vai dar a oportunidade de eu provar pra mim mesmo que minha essência não se perdeu, ou que ao menos é possível recuperá-la.
Espero. 

21.05.2013

Ao acaso.

Vocês já por algum qualquer motivo pararam para pensar em como tudo que acontece teve chances mínimas de acontecer de fato? Saindo de um universo pequeno como o interior da sua casa. Qual era a chance de você despertar às 10h da manhã com o barulho da goteira no andar de cima e dar de cara com o céu mais azul que nunca antes se viu? Céu azul que te motivou a pensar, improvavelmente, em como a cor do oceano varia de acordo com sua temperatura, composição química e principalmente profundidade. De repente você comenta com seu amigo no facebook mais tarde e ele te diz que queria mesmo falar com você porque aquela música fez com que ele pensasse, do nada, em vocês dois e naquele milésimo de segundo os dois se apaixonaram. Depois de anos casaram. Seus filhos gêmeos nasceram no mesmo dia em que aquele céu azul motivou tudo e de repente sua vida está lá. Feita. Feita do acaso.
Ao acaso.
Um amontoado de coincidências. Uma combinação improvável de resultados é o que todos somos. E quem disse que isso diminui o valor da vida? O milagre que a vida é justifica-se assim. Sem querer, sem muito pensar, de repente tudo que a gente fez na vida teve alguma consequência séria no nosso destino. Talvez aquele panfleto que você pegou na rua e que logo mais na frente foi descartado no lixo impediu que um carro te atropelasse e que suas pernas ficassem inutilizadas assim como todo o resto do seu corpo, tetraplégico sua vida inteira seria em uma cama. O acaso não quis assim. Sem querer você driblou o destino e mudou sua história. Seu caminho não era esse porque você de alguma maneira não quis, mas ao mesmo tempo você nem ao menos teve intenção de sobreviver, talvez com aquela raiva injustificada pegou aquele panfleto inútil e ele te salvou. Depois nem sabia que deveria comemorar agradecendo e acabou vivendo como se tudo que acontece na sua vida fosse uma merda, um problema, algo tão grande que jamais pode ser superado. Que inútil.
É muito interessante como somos ingratos, analisando tudo por esse viés. Ingratos por poder estar aqui. Só. Na verdade, qualquer viés adotado demonstra o quão insatisfeito e ganancioso o ser humano é. Na sua essência o homem moderno condiciona-se a pensar no agora e a reclamar do agora. Sem pensar nunca que, na verdade, o agora é culpa quase que somente do que se fez antes. Quase sempre. Um ou outro ponto é encontrado fora dessa reta do destino escrito dia após dia, como uma doença ou um acidente na estrada, que às vezes em nada tem a ver com escolhas, mas com “era pra ser assim”... É mais alto do que nossos olhos tangem.
O acaso é um presente, coroado pelo livre arbítrio. O “direito” que a vida te dá de escolher se levantar para enganar teu pai durante o dia e dormir a noite sem nem pensar nisso no final é o mesmo que 20 anos depois vai te lembrar que o velho chato queria o teu bem e que o tempo passou, que o velho passou, que você está por conta própria desde o começo na verdade,  que a escolha foi sua, e que realmente você sempre foi avisado e optou por não ouvir, mas que apesar disso tudo, você ainda tem como mudar. E fazer diferente. E a partir de agora, fazer valer a pena. A vontade é sua. O destino é seu. A vida é tua. O problema na verdade foi sempre seu. E a chance na verdade é agora. Assim como foi antes. Seu destino esteve sempre nas suas mãos e nunca é tarde demais para fazer de novo.
A possibilidade de eu estar aqui com o computador no colo de madrugada escrevendo esse texto é a mesma de minha mãe ter se mudado para o Canadá dez anos atrás em uma oportunidade de emprego. E como eu sou grato ao “mundo”. Grato por ter a oportunidade de viver do acaso. De remodelar meu destino sem perceber. De ouvir uma música boa com alguém que gosta da mesma música que eu e de sorrir por causa disso. De simplesmente ter a chance de fazer de novo. De conhecer gente nova. De me surpreender. De estar aqui. De investir tempo conhecendo mais de cada um. De simplesmente me arrepender. De eu ser alguém. De me inspirar na nossa conversa. De me frustrar, mas ter vontade de tentar de novo e de não me cansar até não ter mais outra saída. De amar. De perder meu tempo. De errar. De levantar mais uma vez amanhã. Ou de adoecer. De aprender. De ser esquecido. De aprender que eu consigo viver por mim mesmo, mas que é bom e dá mais sentido à vida viver para os outros. Oportunidade de fazer do meu acaso, o acaso mais especial do mundo. Espero que o acaso na sua vida seja especial também.

14.01.2013


Religião

Eu queria começar dando qualquer tipo de embasamento teórico que deixasse meu texto menos vago e mais sério, mas isso foge à minha natureza e dificulta meu “trabalho”, além de deixar tudo meio mecânico. Gosto de começar sem um alvo definido e terminar com menos foco ainda.

Nos últimos três anos eu passei por mudanças drásticas nos ambientes em que vivi a maior parte dos meus dias. E é interessante como essa mudança transcendeu o físico e modificou o que eu sou de maneira psicológica, emocional e espiritual. Hoje sou totalmente diferente do que era três anos atrás. Talvez não melhor ou pior, mas com mais certeza das minhas certezas.
Fui criado sempre em um ambiente Cristão Protestante, sempre fui à igreja nos domingos pela manhã e a noite, tinha aulas na “escolinha dominical”, aprendia histórias da Bíblia e era moldado lenta e gradualmente. Meu universo era pequeno e o pouco que eu sabia continha tudo que eu precisava. Foi assim por um bom tempo. Talvez por alguns 12 anos da minha vida. As histórias que ouvia sempre antes de dormir me instigavam a aprender cada vez mais. Rei Davi sempre foi uma das minhas personagens favoritas, talvez não por coincidência um ano antes de me formar no Ensino Fundamental II eu o representei em uma das apresentações que fiz no CRE, colégio cristão em que estudei por oito anos. Já não achava tão legar ser o Rei Davi ao sair de lá.
Aos poucos os milagres e passagens surreais da Bíblia perdiam sentido. O mar se abrindo, os peixes multiplicando-se, Adão e Eva, arca de Noé... Eu ia crescendo e parece que as histórias ficavam cada vez menos reais e mais dubitáveis. Já via o mundo de uma maneira diferente quando mudei de colégio e finalmente deixei de ser protegido de maneira até covarde pela religião que me resguardou sempre. A verdade não foi exposta sempre. Apesar de a verdade ser a principal ferramenta para a libertação. 
Da Bíblia Sagrada, João capítulo 8, versículo 32 “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
A igreja, a instituição e não sempre os fiéis, foi um dia a mais poderosa “empresa” da Terra. A mais rica, a mais influente (tinha inclusive influencia direta em decisões políticas, o que de certa maneira acontece ainda hoje). Conhecida também por tortura, venda de salvação (frase absurda da própria igreja católica “quando uma moeda tilinta no cofre, uma alma sai do purgatório!”) que ajudaria na reforma da Basílica de São Pedro, execuções durante toda sua história, arquivos secretos, privação ao conhecimento, etc, etc, etc. A corrupção da entidade que comanda a ideologia adotada por milhões de pessoas levanta teorias da conspiração, diminuí sua influência e com o acesso fácil e imediato à informação que se tem hoje é cada vez mais difícil esconder a verdade. A igreja foi corrompida desde o início de sua organização, cargos no alto clero eram comprados e a partir disso o interesse pela fé era preterido por interesses econômicos. A religião perde credibilidade cada vez mais. Desde sempre.
E engana-se quem acredita que uma igreja é menos impura e condenável que outra. Pastores pelo país mentem a esmo em suas emissoras de TV compradas com dinheiro de ofertas dos fieis, prometem o dobro de qualquer oferta que for feita a igreja como se o dinheiro fosse investido na igreja que rende trezentas vezes mais que qualquer poupança, é realmente um milagre! As pessoas são enganadas. Caem na mentira. Buscam libertação e acabam enclausuradas ainda mais. Uma multidão caminha de mãos dadas buscando mais paz, amor, moral, ética... E na verdade perde-se na sujeira que o negócio da fé é ultimamente.
A religião substituiu a fé. A fé mantém religiões e suas doutrinas. Ou manteve algum dia. Hoje o dinheiro que circula por trás das religiões predominantemente cristãs no Brasil é a base das igrejas. Literalmente a base. Templos gigantescos são construídos, cada pequena porta onde antes era um boteco vira uma igreja e cada vez mais “eu sou evangélico”, ou “eu sou católico” vira status de Facebook, ou nas conversas de família, ou no debate entre sua mãe e a tia fanática religiosa, ou naquela conversa de toda segunda com seu amigo ateu...
Na verdade, há algo mais importante do que isso. As pessoas deixam de querer ser alguém melhor para querer ser alguém mais religioso, mais evangélico, mais católico, mais espírita, mais ateu. As bandeiras se levantam cada vez mais e com a faca entre os dentes as religiões se atacam. Porque o Pastor mente roubando e o Padre é pedófilo. Quantos outros são os sensos comuns que atraem e provocam discussões no Facebook ou em comentários de notícias no portal da Globo? É absurda a quantidade de defensores da verdade que existe ultimamente. Parece que o processo de degradação da igreja foi acompanhado e até ultrapassado pela degradação e massificação de seus fieis.
Eu teria vergonha de dizer que sigo alguma e qualquer religião, se ainda o fizesse. Há algum tempo desisti de defender qualquer ideologia. Acredito muito em Deus. Sinto Sua presença de maneira incontestável em minha vida. E talvez por isso imagino o que Ele sente. Olhando lá de cima, ou por todos os lados, o que nós todos temos feito com tudo. A corrupção da igreja é só um dos exemplos que eu poderia citar. O ser humano caminha de maneira louca ao colapso.
Talvez a corrupção eterna da igreja seja a maior prova de que o ser humano é imperfeito e podre. Totalmente podre. A igreja, instituição que deveria ser sempre sagrada e incontestável, carrega consigo inúmeras condenações. A religião virou um jogo. Assim como a vida das pessoas. Quem tem poder sente-se no direito de comandar vidas e o rumo de nações inteiras, como peças de um tabuleiro somos empurrados de um lado para o outro. É natural que por um tempo sintamo-nos sem rumo. Porém, a necessidade de mudança é urgente e logo que os sentidos são retomados deve-se ir à luta. Por uma sociedade mais justa, não utópica, mas simplesmente com mais fé. Espero ansioso e ativo pelo dia em que a religião cairá de podre e a fé ressurgirá como instrumento de libertação.


Fé.


31.12.2012

2012


Faz alguns meses, alguns muitos meses, que não escrevo nada pensado especialmente para postar aqui.  Como o fim do ano chegou de novo, decidi escrever sobre esse último ano estranho.
O ano começou prometendo muito. Ano de vestibular, problemas pessoais e especialmente familiares. Tudo começou meio enrolado, idas e vindas constantes, minha mãe se mudando de cidade e de repente eu tinha que passar na faculdade. E tudo ao mesmo tempo. Em vários momentos eu tive certeza de que não conseguiria. E realmente não consegui fazer muita coisa dar certo, não.
A rotina esse ano seria pesada de qualquer maneira e o caminho que eu escolhi foi talvez o mais difícil. Conciliar o último ano do colégio com o cursinho, por mais que não fosse realmente um cursinho dos mais puxados, é uma tarefa arriscada e poderia comprometer tanto meu desempenho no colégio como nos vestibulares que viriam no fim do ano. Acabou acontecendo isso mesmo. Não aproveitei ao máximo as oportunidades que o Colégio me ofereceu, não me esforcei ao máximo que poderia e deveria nas aulas à tarde no cursinho e o resultado é meio óbvio... Fiquei longe da minha nota de corte na Fuvest, a minha redação do Enem foi um fracasso e minha entrada na UFMG foi pelo ralo, na prova mais importante do ano na Cásper eu não sei o que aconteceu, devo ter me perdido no tempo além de outras coisas, e eu acabei zerando um bloco inteiro de questões e por fim acabei sendo desclassificado do processo de seleção. A primeira prova do ano foi a da PUC - MG, e eu posso dizer que “voei”. Fiz 34 de 50 testes, minha redação teve nota 9,17 de 10 e eu fui aprovado em 17º lugar no curso de jornalismo. Talvez a única vitória do ano. Eu tenho onde estudar, já não faria mais um ano de cursinho ano que vem, como já havia decidido no começo do ano se aprovado em qualquer uma das minhas opções. A questão de ter passado na PUC em Belo Horizonte é mais forte do que ter um lugar bom para cursar a Faculdade, é mudar de cidade, estado, deixando família e amigos por um tempo mínimo de quatro anos e talvez para sempre. Por outro lado, vou junto da minha mãe que se mudou no último ano e deixou muita saudade para mim aqui em São Paulo. 2013 será outro ano difícil, com mais novidades e gente nova, rostos novos, cultura nova, rotina nova. Uma chance para começar de novo. E eu realmente acho que estava precisando de uma chance como essa. Amém.
Mudando um pouco de assunto, o ano terminou para mim quase do mesmo jeito que começou. Namoro meio mancando, cansado, lutando para manter-se em pé. E dessa vez não deu. Não é muito legal ficar falando disso para todo mundo ver, mas não tenho o que esconder. O que vale a pena se ressaltar é que apesar das inúmeras Hgadas que eu fiz, não foi por nenhuma delas que de fato tudo terminou. Os problemas vão surgindo um atrás do outro e de repente é hora de “deixar quieto”. Tudo de desgasta. Afinal, “o ‘para sempre’ sempre acaba”. Tudo que se viveu não se esquece, as feridas um dia saram e tudo volta ao normal eu espero, como já foi no passado. Minas deve dar uma força nisso ao me afastar de tudo, porque parece que sua presença me faz lembrar que eu ainda me sinto magoado, ferido, cansado, frustrado. Amei demais. Sinto saudade demais. Sofro um pouco mais. E sigo em frente. Porque eu preciso. Não porque acho que deveria. Porque eu preciso. E parece que aos poucos eu vou me acostumando. O carinho e admiração não se apagam e os 2 anos e alguns meses de namoro não são esquecidos, guardo com muito amor nossa “Coisa” com nossos momentos e fotos, além dos bichinhos de pelúcia e as cartas tão sinceras que foram trocadas. Amor de verdade não se acaba, modifica-se e para sempre perdura.
Eu exorcizei vários demônios esse ano. Alguns até sumiram. Na verdade, boa parte desse processo deve-se ao botão do “foda-se”. Interessante como ao clicá-lo as coisas ficam mais fáceis. Meus “inimigos” foram quase todos desfeitos. Até porque eu mudei alguns hábitos, incorporei novas “estratégias”, também conhecidas como costumes, deixei de lado, acabei com alianças malfeitas, conheci gente nova e me lembrei de alguns que eu tinha deixado pelo caminho. Eu mudei bastante esse ano. Mudei porque a situação exigia, mudei porque simplesmente queria experimentar o novo, mudei porque a gente muda mesmo. Eu errei mais um monte, de novo, mas acima de qualquer coisa eu tentei sempre. Eu tentei de algum jeito, talvez da maneira mais errada possível, mas eu tentei. E isso é suficiente para dizer que o ano valeu a pena.
A saudade que eu vou sentir dos meus amigos e das pessoas que eu amo faz-se cada vez mais real e é interessante como eu não consigo ver isso chegar. Hoje já é dia 30 de Dezembro e parece que ainda falta muito tempo (4 dias) até eu colocar minhas coisas no carro e ir embora. Eu sempre quis acreditar que, na verdade, tudo isso é só uma passagem e que eu não deixo ninguém para trás mudando de estado, mas apesar de um tanto quanto inconveniente, isso é mentira. Em quase 18 anos aqui em São Paulo eu construí tudo que eu tenho. Primeiro com minha família, que acabei deixando um pouco de lado esse ano por conta dos estudos. Depois com meus amigos, alguns que estão comigo há mais de dez anos. Por último e não menos importante, com meus amores que me fizeram sempre sentir vontade de ser uma pessoa melhor. Eu vou ter que recomeçar. Fazer novos amigos, aprender novos nomes e com eles novos jeitos e trejeitos. Entrar em novos grupos, aprender e filtrar novas ideologias, participar de novos costumes e deixar outras e mais coisas de lado. Mas eu vou seguir com fé. Eu vou conseguir, disso eu tenho certeza. No final tudo dá certo e não porque tem que dar certo, mas porque de alguma maneira nós abrimos o caminho para que tudo dê certo. Esse ano de 2012 é o maior exemplo disso, apesar de tudo que aconteceu, deu certo. Eu tenho onde estudar, vou de volta com minha mãe, em uma cidade mais tranquila que São Paulo ganho uma chance novinha em folha de fazer um outro capítulo da minha vida. E eu vou fazê-lo.
Já ia me esquecendo de uma das partes mais sinceras e importantes, sim, importantes, da minha vida. Meu Tricolor querido. O Soberano teve um ano tão conturbado quando o meu! Olha só que coincidência... Todo mundo ganhando alguma coisa, até o Palmeiras conseguiu uma copa do Brasil, e a gente ficando para trás. Trocou de treinador e 80% dos camaradas que vestiam o manto saíram dando lugar a outros com mais brio. Chegou o PH Ganso, que ano que vem deve servir de muita ajuda na Libertadores, que voltará a ser disputada por nós Tricolores. E nossa maior estrela se despediu por alguns milhõezinhos de Euros, Lucas foi à Cidade Luz, jogar com Ibrahimovic e Thiago Silva e ainda no final das tardes vai poder passear por Paris, cidade mais linda do planeta. No final do ano veio a Copa Sulamericana com os lutadores, digo jogadores, do Tigre fugindo de campo de maneira ridícula na partida final alegando que haviam sido esculachados pelos seguranças do São Paulo e assim, consagramo-nos campeões da América do Sul B. Ano que vem tem Libertadores e muitas chances de título, pena que vou acompanhar tudo pela TV.
Aproveitando o espaço,
Agradeço sinceramente a todos que me apoiaram de alguma maneira esse ano. Não foi fácil, eu devo ter vacilado algumas vezes com todos vocês e talvez até os culpado por minha incapacidade de controlar e separar tudo que acontecia na minha vida. Não sei se o resultado é o que esperavam de mim, mas de qualquer maneira eu não teria conseguido sem vocês. Conto com o amor de cada um para mais um ano que vem e estamos sempre juntos.

31.12.2012