Os motivos não importam, afinal o
problema sempre foi meu e a necessidade de passar por eles sem que eu me
tornasse outra pessoa era minha. Por outro lado, se ao menos eu tivesse me dado
o tempo necessário de pensar, repensar e só depois agir... Tudo poderia ter
sido diferente. A razão fez falta. Culpo meu sentimento imediatista mimado de
filho único por muitas das minhas características reacionárias e nem um pouco
justas, coerentes ou necessárias; mas também não me esqueço de tudo que passei,
das mudanças que presenciei e das responsabilidades que tive de assumir. Eu fui
uma bagunça. Mas acabei crescendo em alguma denotação ainda obscura. Tive
bastante tempo de colocar tudo meio que em uma balança, mas ainda não encontrei
o equilíbrio.
Sobretudo isso, eu ainda imagino
a necessidade gritante de espaço que todos temos. Afinal, dia após dia todos
enfrentamos situações que bagunçam com a mente, com a alma, com o coração, com
o espírito e consequentemente com a nossa essência. Dia após dia não somos mais
o que éramos antes. Dia após dia precisamos de algum espaço que nos traga de
volta ao que realmente somos. E se ao menos nós nos déssemos a oportunidade de
voltar a agir normalmente, de voltar a deixar a essência superar o momentâneo e
jamais esquecer que por trás daquela
atitude descabida existe uma justificativa, - que insignificante para você ou
não, afetou o ser confuso que adotou aquela postura indelicada, impensada,
descabida, destrutiva, explosiva, degradante, imoral, cruel, rude, anormal -, e
mais do que uma justificativa, ainda existe alguém ali que em algum momento se
deixou revelar assumindo todos defeitos e incapacidades e que em nenhum momento
negou um pedaço que fosse de sua alma, à você, à quem quisesse ver.
Permitir-se ser menos “eu” e
aceitar que apesar da necessidade da solidão, a felicidade está onde se tem
compaixão, cuidado, amor e consequente completude. Ninguém é autossuficiente,
elevando suas próprias qualidades e apontando defeitos em tudo e em todos. A
impossibilidade de levar em frente o que eu acreditava como ideal esbarrava na
necessidade de felicidade, mas nem disso eu sabia. Tive que entender meus
erros, aceitar que tudo que eu achei que fosse realmente tinha passado e que a
necessidade de me resgatar de mim mesmo era urgente. Afundara junto e fiquei
sozinho.
Depois de um tempo é natural
retomar a realidade, encontrar em si mesmo um motivo que dê vontade de ser
feliz: simplesmente por ser o que eu sou. Até porque ser feliz com alguém
depende primordialmente de estar feliz consigo mesmo. Fazer alguém feliz é
parte de um processo que envolve sorrir e fazer sorrir, chorar e saber acalmar
um choro, saber e entender o que agrada e aceitar ser agradado, respeitar antes
de qualquer coisa e saber o momento de deixar.
De deixar um pouco de si mesmo
para trás, ou ainda de resgatar o que de si se perdeu. O processo de resgates
nunca acaba. Eu busco o equilíbrio incessantemente. O equilíbrio é alcançado
quando uma ponta da vida encontra a outra e num sorriso todo o resto faz
sentido e parte nenhuma de ninguém se perde, apesar dos momentos em que a
tormenta arranca parte do que é necessário e irrevogável, encontra-se no fundo
da essência de si mesmo os motivos pelos quais houve necessidade de outro
alguém para te fazer sentir completo.
Hoje acho que encontrei meu
caminho de volta. A vida vai dar a oportunidade de eu provar pra mim mesmo que
minha essência não se perdeu, ou que ao menos é possível recuperá-la.
Espero.
21.05.2013