Às vezes perco o que sou pelos
pensamentos, viajo aos lugares mais distantes ou vou até um teatro antigo e largado, mas
no final acabo sempre em um vazio completo, o caos da minha mente.
Nunca chego à conclusão alguma e
parece que minha alma e espírito, juntos, flutuam em um ensopado de desgosto e,
banhados em minhas memórias, morrem junto do meu passado. Meus atos são vagos e
me parece que há somente uma causa: sem passado não há futuro algum que
sobreviva; aparentemente o único passado que me importa são as palavras que
acabo de escrever. Sigo sem rumo específico, sem vontade, sem pretensão.
Talvez a melhor maneira de se
viver seja realmente imaginar que nada mais do que construir memórias seja o
presente e o futuro. Como se tudo que se faz “fosse” somente por um segundo e
logo depois não passasse de uma ilustração de um longínquo e esquecido passado desgostoso.
Como tudo deve ser.
Não que minha mente queixe-se
disso ou então seja chaga. A realidade mostra-se cada vez mais séria e
menos distante. O tic-tac do relógio é realmente irrefutável e de uma hora para
outra já não estamos ou pertencemos aqui ou ali. Nunca estamos atrasados ou
realmente perdidos, afinal quem nos persegue é o tempo... O contrário é só mais
uma das ilusões que rezamos para sempre acreditar.
22/03/2013