Let it be.

Já queria ser velho para não ter que enfrentar tudo no mundo com esse espírito jovem e corajoso que eu tenho hoje. Eu não quero mais ter vontade de seguir essa rotina de colocar em minha cabeça toneladas (ou gigas) de coisas que eu NUNCA vou usar, não só na escola, mas em toda situação nós, inconscientemente, guardamos informações que seriam tão uteis como um papel de bala, ou um chiclete sem gosto; e guardamos simplesmente por termos as vivido. De tudo que guardamos em nossa mente, acredito que 20% será útil daqui 50 anos quando estivermos sentados com nossos netos, na frente de uma televisão pedindo ajuda para ligar uma tomada, como minha avó fez esses dias. Que incondicional amor que tenho por ela.

Eu me pergunto se tudo que minha avó, ou até meus pais, viveram é de bom uso na vida deles atualmente. Acredito que se direcionasse essa pergunta a cada um deles, a resposta seria “Cada situação foi essencial para a construção do que eu sou hoje!”, mas esse paradigma tem que ser destruído e assim como muita coisa mais importante tem que ser esquecido, deixado para trás como se nunca antes houvesse um guia de como guardar situações em nossa mente. Re-modelar cada uma das linhas de raciocínio que antes tivemos, e viver nossa vida de um jeito que seja mais prazeroso e íntegro do que jamais vivemos. É difícil ter que mudar tudo assim de uma vez, tanto por ser algo tão profundo em nossa cultura que já nem nos lembramos mais de como era antes sem todos esses moldes e mesmas situações que somos obrigados a passar durante nossa vida.

A rotina muitas vezes cansa, mas não de forma física e notável, mas sim de forma tão sutil que por muitas vezes passa-se despercebida e só é notada quando já velhos somos, e não há mais nada que possa ser mudado. Eu sinto que tem algo maior que tudo isso me chamando, como se eu precisasse me livrar de tudo que tenho hoje, e construir um admirável mundo novo e assim me re-construir. Como no filme Into the wild, ou na tradução para o português “Na natureza selvagem” , não sei se teria coragem de completar o “roteiro” e me formar na faculdade e depois disso correr mundo afora sem nenhuma base financeira ou qualquer outro tipo de base, só para procurar o que eu realmente sou lá na essência. Mas penso que algo do tipo eu vou fazer, nem que seja um décimo com relação ao que foi feito no filme (que na verdade, é uma “biografia”). Eu preciso saber o que eu sou, o que eu quero, e preciso me livrar de tudo que foi colocado em mim que não é de minha vontade, todas influencias deveriam ser deletadas da mesma forma que se apaga uma música da memória de um computador e sem deixar vestígios sumir da minha vida, assim possibilitando que eu seja o que eu realmente sou.

Isso não tem nada a ver com amor (ah, que ironia!), a não ser pelo fato de ser amor próprio, que ainda falta a muitos de nós. Pensamos muito como os “outros” reagiriam às situações que fazem parte da minha personalidade e que vão afetar muito mais a mim do que a qualquer outra pessoa, amar a si próprio não antes de amar qualquer um, mas sim antes de se entregar a alguem ou a algum modelo. Pense no que faria sua vida melhor e não o que faria a “nossa” vida melhor. Acho que esse é o maior dos paradigmas, nós (em geral) temos mania de cuidar mais da vida de outros do que de nossa própria vida. Sei lá... Sou tão diferente de tudo.


22/02/2010

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